Uma reflexão sobre o valor que o Brasil gera

Poder falar no maior evento de inovação e criatividade do Rio de Janeiro, o Rio2C, é um desafio que abre muitas portas para refazer conexões e reflexões de onde estamos e para onde vamos. Quando falamos sobre branding, fazer o exercício de olhar para trás, para resgatar nossas histórias e nossos valores, é fundamental. Porém, olhar para trás só nos ajuda a estabelecer as nossas raízes para que elas sejam ressignificadas para o futuro.  

O futuro é um exercício permanente de olhar para frente. E somente olhando e traçando alguns objetivos é que podemos avaliar como estamos no presente. Aí, sim, podemos reconhecer se estamos evoluindo como pessoas, como organização e, no final do dia, como país. 

Nessa jornada dialética de que o branding conversa com a cultura, a cultura no Brasil vem trazendo questões importantes, que impactam de forma estruturante nossa identidade. Podemos ver isso da forma mais presente, por exemplo, no Carnaval. Ele, de alguma forma, sinaliza como estamos mudando e respondendo às novas demandas.  

O que mais se viu na avenida neste Carnaval foi a nossa história sendo recontada e ressignificada pela nossa ancestralidade africana. Ali, na avenida, a maioria das temáticas resgataram e integraram essa parte da cultura que nunca foi contada. Quando a Grande Rio traz para a avenida Exu abrindo novas conversas com todos os carros, reciclando e criando uma nova linguagem, vemos que estamos evoluindo. 

Temos novos ídolos encontrando espaço e reconhecimento no mundo globalizado. Anitta e Pabllo Vittar no Coachella, mostrando a diversidade, a favela, resgatando as cores da bandeira que nos foram sequestradas nos últimos anos. Temos a representação de duas grandes artistas plásticas ressignificando o Brasil colonizado e tropical, com Beatriz Milhazes e Adriana Varejão. E, ao mesmo tempo, Maxwell Alexandre questionando o pardo. A arte brasileira na Bienal de Veneza, com Jaider Esbell e Rosana Paulino, também retrata nossas raízes pretas e indígenas. Temos líderes como Edu Lyra, da ONG Gerando Falcões, fazendo um movimento global para a Favela 3D e figurando na campanha “Marte é Aqui”. 

Enfim, culturalmente estamos, aos poucos, nos reconectando com a nossa história e criando uma identidade para uma brasilidade mais integradora. Quando transpomos isso para as organizações, vemos muitas dessas questões presentes também. A importância da diversidade nas empresas tem sido vista como motor para a inovação e, quando lidamos com ESG, entendemos o compromisso de trazer um impacto real.  

Além disso, evoluímos do marketing do século 20, dos quatro Ps – Produto, Preço, Praça e Promoção –, para três novos Ps: Produto, Pessoas e Propósito.  

Produto: isso continua sendo uma entrega fundamental. Sem um bom produto ou serviço, não se vai a lugar algum.  

Pessoas: entender como geramos identificação de verdade com a marca e como temos o grande desafio de fidelizar nossos clientes, criando uma relação emocional, é fundamental para construir valor.  

Propósito: qual é o papel da organização para contribuir positivamente, mobilizando as pessoas para formas mais conscientes de consumo e produção? Entram nesse desafio todas as premissas de construção de um ecossistema potente que traz uma visão de mundo mais sustentável. 

Quando olhamos as marcas brasileiras que estão, de certa forma, respondendo a esses desafios de branding no Brasil, notamos que elas performam bem nos três Ps e começam a emergir como forças globais.  

Podemos citar algumas marcas que evoluíram nessa construção, como a Natura, que está em 5° lugar no ranking de marcas mais valiosas do Brasil, se posicionando como uma marca global e encontrando o seu caminho. 

Também vemos Havaianas performando bem como produto que amamos, e gerando grande identificação com o estilo livre da brasilidade, criando um caminho global bem alinhado com sua origem – e isso parece ser uma fortaleza. 

Agora, temos o desafio da camisa da seleção, brasilidade estampada em seu caminho de talento, garra, paixão, com alguns percalços na construção de valor. Mas que, se souber entender o melhor da nossa brasilidade, pode reconquistar o pódio de uma marca amada. Assim, seguimos nos reinventando quando conseguimos dar valor ao passado, mas pensando no futuro para reconhecer que, hoje, é o presente que vale. 

Ainda temos um longo caminho pela frente com o objetivo de trazer o valor da brasilidade para o mundo, como país e como organização. Estamos em 13º no ranking das maiores economias do mundo e não temos nenhuma marca brasileira entre as 300 mais valiosas. Fica essa tarefa como lição de casa.




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